sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Nome social, pronomes e gênero

Pode parecer estranho mas durante a minha vida, das cantadas que já levei há uma que mais gostei e que lembro até hoje, eu tinha uns 17 anos, foi feita por um cara abraçado a uma companheira: "puta que pariu, me desculpa amor, mas que viado lindo!".

Por outro lado não gosto quando a cantada é, "te vejo como mulher", e outras semelhantes, talvez porque eu as veja como um reducionismo, porque a definição de mulher da maioria das pessoas não engloba muito do que eu sou, nem feminilidade nem a masculinidade me comportam. As definições do que é considerado masculino e feminino mudam conforme a época, na França do século dezessete por exemplo, auge do barroco, o rei Luís XIV usava sapatos com salto (invenção que tinha originalmente a finalidade de ancorar o cavaleiro ao cavalo), peruca, longas vestes com tecidos ricamente ornamentados, maquiagem, enfim, algo bem diferente do nosso conceito atual de masculinidade...

Eu acho que, no meu caso, a feminilidade foi algo com que eu acabei me identificando para ter um pouco de paz e liberdade sendo quem eu era, porque as minhas preferências estéticas e meu temperamento eram considerados inadequados para uma pessoa do meu sexo, então chegou uma época que, em vez de abrir mão da minha identidade e minhas predileções eu preferi resolver esse dilema DAS OUTRAS PESSOAS (não meu), dizendo "ok, se pra ser quem eu sou preciso ser mulher, então que eu seja mulher pra poder ser eu mesmo", e assumi um nome feminino por ser costume na comunidade transgênero.

Mas na verdade eu nao me vejo como mulher. Eu me vejo como homem, isto é, um indivíduo macho da espécie homo sapiens sapiens. Mas um homem audacioso o suficiente pra vestir, se expressar e fazer o que preferir, não o que os outros ditam. 

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